Líder do União Brasil na Câmara Federal, o deputado Elmar Nascimento deve manter a influência direta sobre a superintendência de Juazeiro da Companhia de Desenvolvimento do Vale do São Francisco (Codevasf), numa disputa travada nos bastidores com o senador Jaques Wagner (PT). Segundo apurou o Política Livre, o petista, no entanto, é favorito a indicar o chefe do órgão em Bom Jesus da Lapa, que hoje tem como superintendente um quadro ligado ao deputado Arthur Maia (União).
As duas superintendências da Codevasf na Bahia são os cargos federais mais disputados no Estado entre os deputados federais e senadores da base do governo federal. Em terceiro lugar vem a coordenadoria estadual do Departamento Nacional de Obras Contra as Secas (Dnocs), que deve ficar com um indicado do senador Ângelo Coronel (PSD). Os dois órgãos têm força política pela grande capacidade de realização de obras e são visto como “fábricas de votos”.
Elmar já assegurou junto ao governo Lula a manutenção no cargo do atual presidente da Codevasf, Marcelo Moreira, indicado ainda no governo Jair Bolsonaro (PL). Na Bahia, o deputado do União Brasil também emplacou, com Bolsonaro, o engenheiro mecânico Miled Cussa Filho na superintendência do órgão federal de Juazeiro. A tendência é que Miled continue no posto, apesar da pressão de Wagner, líder do governo federal no Senado, que queria indicar o ex-presidente do PT baiano Jonas Paulo para o posto.
“Wagner, na verdade, queria indicar as duas superintendências da Codevasf na Bahia, mas, em nome da governabilidade de Lula no Congresso Nacional, não deve comprar uma briga maior por isso. O cenário deve ser esse: uma fica com o União Brasil e a outra com o PT e o senador. Mas ainda há outros partidos reivindicando”, confidenciou um deputado federal da base dos governos federal e estadual.
Aliados de Elmar Nascimento argumentam que de nada adianta ter o controle político da Codevasf em Brasília e não ficar com a superintendência de Juazeiro. Já a unidade de Bom Jesus da Lapa é presidida por Harley Xavier Nascimento, indicado no governo Bolsonaro por Arthur Maia. Além de Wagner e do PT, siglas como o PSD, PCdoB e Avante também estão na briga para indicar um substituto.
Até agora, poucos cargos federais na Bahia foram preenchidos com nomeações publicadas no Diário Oficial. O PT está em vantagem. O partido já emplacou ao menos três espaços: as superintendências do Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária (Incra) e do Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan) e a coordenadoria estadual do Ministério do Desenvolvimento Agrário (MDA).
A chefia do Incra ficou a cargo do servidor de carreira e ex-vereador de Cruz das Almas Carlos José Barbosa Borges, o Alemão (PT), indicado pelo deputado federal Valmir Assunção (PT), um dos líderes nacionais do MST. A superintendência do Iphan ficou a cargo do ex-diretor do Museu de Arte Moderna da Bahia (MAM, Hermano Queiroz, nome ligado ao deputado federal Jorge Solla (PT). A coordenadoria do MDA foi preenchida nesta quinta-feira (20) pelo militante petista Tytta Ferreira, aliado do deputado federal Joseildo Ramos (PT).
A coordenadora da bancada baiana no Congresso, deputada Lídice da Mata (PSB), tem intermediado as negociações entre os parlamentares e o Ministério das Relações Institucionais do governo Lula. Mas ela só negocia as demandas de partidos que são da base do governo Jerônimo Rodrigues (PT), o que não inclui, por exemplo, o União Brasil, que tem tratado diretamente com a articulação política do Palácio do Planalto no bojo das conversas para apoiar Lula.
O Política Livre já revelou que o PSB de Lídice deve ficar com o comando da Companhia das Docas na Bahia (Codeba). Além disso, o MDB pleiteia, por meio do deputado federal Ricardo Maia, a indicação do superintendente do Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes (Dnit).