Senador justifica que “não houve deslocamento de tropa” e classifica o plano como “um troço absurdo”
Três dias após a Polícia Federal deflagrar a Operação Contragolpe, em seu podcast “Bom dia com Mourão”, o senador Hamilton Mourão (Republicanos) classificou a trama golpista como “um plano sem pé nem cabeça” que “não consigo nem imaginar como uma tentativa de golpe”. A informação é da coluna de Lauro Jardim, do jornal O Globo.
“Temos um grupo de militares, pequeno, maioria militares da reserva que, em tese, montou um plano sem pé nem cabeça. Não consigo nem imaginar como uma tentativa de golpe. Importante que as pessoas compreendam que tentativa de golpe tem que ter apoio de parcela expressiva da Força Armada. Ninguém dá golpe no país sem ter a Força Armada, nem que seja para proteger uma mudança constitucional”, disse.
O parlamentar justifica que “não houve deslocamento de tropa” e classifica o plano como “um troço absurdo”, uma vez que os militares “teriam armas, mas iriam executar o presidente e vice eleitos por envenamento”.
“Vejo uma fanfarronada. E a partir daí, dentro da busca incessante de envolver o presidente Bolsonaro, o general Braga Netto, o general Heleno, que você conhece tão bem e que é um homem que não toma atitudes dessa natureza… Arma-se esse cenário todo, joga quase que um pó de pirlimpimpim e shazam: saem 37 pessoas nesse pacote indiciadas”, completou.
Mourão também defendeu Valdemar Costa Neto, presidente do PL, que figura na lista dos indiciados e disse que é “difícil de digerir”.
” Se meia-dúzia de três ou quatro (sic) resolveu escrever bobagem, tá bem. É crime escrever bobagem? Vou deixar para os juristas, vamos discutir isso. Eu vejo crime quando você parte para a ação. Se tivessem feito uma emboscada para o Alexandre de Moraes ou pro presidente da República, disparado contra ele. Nada disso aconteceu. Ficou tudo no terreno da imaginação. E imaginação bem fértil”, declarou Mourão.
No podcast, o senador ainda criticou o fato de Moraes ser o relator, por “em tese ser vítima” no processo. “Gostaria de saber qual foi a pergunta do interrogatório dele que ele fez recentemente com o tenente-coronel Cid. Ele perguntou “Cid você ia me matar?”. O senador concluiu que espera que a PGR “faça um trabalho melhor” que a Polícia Federal, que “passou dois anos escarafunchando o celular de todo mundo”.
“A partir do momento que conversa de celular significa crime, nós estamos enveredando por um caminho que a gente não sabe onde vai parar. Que as conversas pessoais que cada um tem. Até desafio qualquer pessoa a entregar seu celular para uma autoridades dessas e vai dizer que tem crime dependendo da conversa que você teve, até com sua própria esposa. Espero que a PGR reflita bem, pese o que há efetivamente de provas, ações concretas e não “ouvi dizer”, não fantasias, para efetivamente apresentar denúncia contra quem realmente conspirou ou tomou alguma atitude que levasse a uma derrubada do Estado de Direito aqui no Brasil ou do sistema democrático. E nós não vimos isso”, destacou.