Traído pelo presidente da Câmara Federal, Arthur Lira (PP-AL), a quem considerava ser o melhor amigo em Brasília, o deputado Elmar Nascimento (União) passou os últimos dias articulando uma nova estratégia para se manter vivo na disputa pelo comando da Casa. O movimento político mais importante foi o encontro, nesta quarta-feira (11), com o presidente Lula (PT).
Aliados do baiano ouvidos pelo Política Livre na manhã desta quinta (12) disseram que “Elmar está mais governista do que nunca”, depois de perder o aval de Lira, que já comunicou aos líderes partidários da Câmara o apoio à candidatura do deputado Hugo Motta (Republicanos-PB).
O deputado baiano, que pediu a audiência com Lula, afirmou ao presidente da República que Motta é um quadro da oposição, ligado ao senador Ciro Nogueira (PP-AL) e, por consequência, ao ex-presidente Jair Bolsonaro (PL). Ele afirmou ainda que Lira foi “emparedado” por Ciro, hoje um destacado membro da oposição.
Elmar disse também a Lula que, se for presidente da Câmara, será um aliado fiel ao Planalto e ficará longe do PL. E mais: que, se não for candidato, está disposto a apoiar um outro nome da base governista, a exemplo do deputado Antonio Brito (PSD), concorrente ao comando da Casa. Lula ouviu bastante e manifestou novamente o desejo de ficar isento na disputa, o que não deve ocorrer na prática.
O deputado do União Brasil já vez um pacto com Brito no sentido de que será candidato aquele que demonstrar mais chances de vencer a eleição, que acontece em fevereiro de 2025. Os dois abriram uma frente contra Lira, assim como os partidos de ambos, que devem formar um bloco na Câmara.
Elmar também se reuniu esta semana com ministros do União Brasil, com o titular do Ministério das Relações Institucionais, Alexandre Padilha, e com lideranças do PSDB, Cidadania, PSB, Avante e PDT. Na hipótese de ter o apoio integral do União Brasil, do PSD e desses outros partidos citados, o baiano teria assegurado quase 160 votos. Para vencer a eleição, são necessários no mínimo 257 votos.
Com o discurso remodelado como governista, Elmar busca o apoio do MDB, com seus 44 integrantes, e da federação formada por PT, PCdoB e PV, que tem 80 membros. Entretanto, a avaliação de emedebistas e petistas baianos é que o movimento dificilmente terá êxito, diante das resistências ao nome do deputado do União Brasil e a força de Lira e do próprio Motta, que teria hoje os votos de mais de 300 parlamentares, “por baixo”.
Ontem, na comemoração do aniversário de Hugo Motta, Lira disse a colegas presentes que apoiaria o parlamentar do Republicanos na sucessão. O pepista afirmou ainda que nunca prometeu a Elmar que o apoiaria, mas sim que estaria ao lado do amigo se a eleição do baiano fosse viável, o que não se demonstrou. O baiano enfrenta resistências sobretudo do PT baiano e de colegas que o consideram “de temperamento difícil”.
Elmar ainda não rompeu relações com Lira, apesar de não atender mais aos telefonemas do pepista. Ele só deve fazê-lo quando o presidente da Câmara anunciar publicamente o apoio a Hugo Motta, embora tenha dito à imprensa do sul do país que não fará inimigos no processo. No União Brasil, o clima também é de indignação com a “traição” de Lira.
Política Livre