O Canal do Sertão Baiano, uma das mais aguardadas obras de segurança hídrica do país, pretende garantir acesso à água para 44 municípios do semiárido da Bahia, beneficiando diretamente cerca de 1,2 milhão de pessoas.
Com captação no Rio São Francisco, na área do Projeto de Irrigação Salitre, em Juazeiro, o canal foi projetado para fornecer água potável e irrigação para cidades que enfrentam escassez hídrica, promovendo o desenvolvimento econômico e social da região.
De acordo com reportagem da Agencia Sertão, a primeira fase do projeto está sendo conduzida pela Codevasf (Companhia de Desenvolvimento dos Vales do São Francisco e do Parnaíba), que trabalha em parceria com o governo estadual e o federal para estruturar o projeto executivo e garantir a execução da obra.
Segundo Marcelo Moreira, presidente da Codevasf, a primeira fase tem previsão de início no início de 2025, com um investimento inicial entre R$ 400 e R$ 600 milhões. Esta fase contempla a construção de 20 quilômetros do canal e duas estações de bombeamento, que levarão a água do Rio São Francisco até um ponto específico da bacia. A partir desse ponto, a água será transportada por gravidade, sem necessidade de bombeamento contínuo.
Também chamado de Eixo Sul da Transposição do Rio São Francisco, o Canal do Sertão Baiano está localizado no Norte do etado, nas áreas dos municípios das bacias hidrográficas Salitre, Tourão/Poções, Itapicuru, Jacuípe e Vaza-Barris, com tomada de água no Canal do Salitre e distribuição por 297 quilômetros de canais.
Quando finalizado, o canal percorrerá o semiárido baiano até São José do Jacuípe, abrangendo um custo estimado de R$ 6,9 bilhões e previsão de conclusão em até 10 anos.
A obra, que integra o Novo Programa de Aceleração do Crescimento (PAC), inclui ainda sistemas de adução e distribuição de água bruta para garantir a segurança hídrica das bacias hidrográficas dos rios Itapicuru e Jacuípe.
Os municípios diretamente beneficiados pela obra, que possibilitará irrigação em pequenas propriedades rurais, perenização de rios e suporte ao setor agrícola são: Andorinha, Antônio Gonçalves, Caém, Caldeirão Grande, Campo Formoso, Candeal, Capela do Alto Alegre, Capim Grosso, Filadélfia, Gavião, Ichu, Itiúba, Jacobina, Jaguarari, Juazeiro, Mairi, Miguel Calmon, Mirangaba, Morro do Chapéu, Mundo Novo, Nova Fátima, Ourolândia, Pé de Serra, Pindobaçu, Pintadas, Piritiba, Ponto Novo, Queimadas, Quixabeira, Riachão do Jacuípe, Santaluz, São Domingos, São José do Jacuípe, Saúde, Senhor do Bonfim, Serrolândia, Sobradinho, Tapiramutá, Umburanas, Valente, Várzea da Roça, Várzea do Poço, Várzea Nova e Uauá
Nesta terça-feira, 29 de outubro, lideranças políticas, representantes de comunidades rurais e técnicos estiveram reunidos na sede do Sindicato dos Trabalhadores Rurais de Feira de Santana para debater os impactos da construção do canal e os benefícios para a população do semiárido.
De acordo com o site Acorda Cidade, durante o encontro, foram discutidos detalhes do andamento do projeto e os impactos econômicos e sociais esperados para os municípios beneficiados.
Segundo Wilson Mascarenhas, integrante do Comitê Canal do Sertão e ex-prefeito de Várzea da Roça, a obra será fundamental para garantir água em quantidade e qualidade para o semiárido baiano, que sofre com a irregularidade de chuvas e a falta de infraestrutura hídrica.
Ele destacou a importância do canal para a agricultura familiar, que abrange 70 mil famílias na região, muitas das quais dependem da produção em pequenas propriedades. O prefeito de São José do Jacuípe, Peris Cunha, também esteve presente e ressaltou que a obra representa uma oportunidade de geração de emprego e renda para a zona rural, favorecendo o crescimento de atividades agrícolas e de mineração.Agencia Sertão Foto codevasf