Deslizamentos de terra durante chuvas provocaram 17 mortes em Salvador (BA) nos últimos 10 anos

Pelo menos 17 pessoas morreram após deslizamentos de terra provocados por fortes chuvas em Salvador nos últimos 10 anos. A perda mais recente foi a de um jovem de 23 anos, soterrado na área entre os bairros de Pernambués e Saramandaia, na quarta-feira (27).

Gerson Alexandrino Santos Júnior estava deitado na cama, quando a estrutura do imóvel onde ele estava cedeu. Ele foi localizado sem vida pelo Corpo de Bombeiros, pela manhã.

Os deslizamentos que ocorreram na região deixaram ainda outros quatro feridos:

  • Diane Andrade, 32 anos, cabeleireira;
  • Paulo Andrade, 18 anos, filho de Diane;
  • Marcelo Heitor Andrade Mesquita, 6 anos, também filho de Diane;
  • Adriano, 30 anos, vizinho da família.

Os quatro estavam em outro imóvel — cerca de 5 km distante da casa de Júnior, onde foi registrada a primeira ocorrência. Diane, Marcelo Heitor e Adriano foram resgatados com vida e encaminhados para unidades de saúde. A criança teve mais ferimentos e está internada no Hospital do Subúrbio, intubada, com hemorragia e fratura na pelve.

Já a quarta vítima, Paulo Andrade, ainda não foi encontrada. O Corpo de Bombeiros passou a usar cães farejadores para localizá-lo na noite desta quarta-feira (27), pois ele parou de responder aos chamados por voz.

Equipes de saúde, segurança e infraestrutura da Prefeitura de Salvador e do Governo do Estado fizeram análises técnicas da área e prestaram apoio às vítimas. A gestão municipal investe em contenção de encostas e geomantas.

Contudo, essas ações não são suficientes para evitar novos deslizamentos e desabamentos quando a cidade enfrenta grandes volumes de chuva. Em todo este mês, o acumulado supera a marca de 320 milímetros — é o novembro mais chuvoso em Salvador desde 1961, segundo o Instituto Nacional de Meteorologia (Inmet).

Para a urbanista Juliana Paes, é preciso pensar soluções de infraestrutura que prezem não apenas por novas intervenções, mas especialmente por melhorias nos espaços já habitados. Assim, a cidade estará mais preparada para situações extremas, como temporais.

Especialista em Planejamento Urbano e Gestão de Cidades, ela destaca que também é preciso monitorar melhor as áreas de risco e a forma como elas têm sido “intensivamente ocupadas”. “A cidade de Salvador precisa refletir, no seu processo de planejamento, o equilíbrio entre espaços construídos e espaços vazios para que haja condição de resiliência da própria cidade diante de fenômenos como esse que a gente viu hoje”. (Por G1BA).

Post Author: Rogenilson Reis

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