Sindicato repudia exposição de servidora em vídeo de Bolsonaro sendo intimado na UTI

O Sindicato Nacional dos Oficiais de Justiça Federais (SINDOJAF) e a Associação Nacional União dos Oficiais de Justiça do Brasil (UniOficiais/BR) emitiram nota de repúdio e informaram que adotarão medidas cabíveis por causa da gravação não autorizada da oficiala de justiça que intimou Jair Bolsonaro na UTI do hospital DF Star, onde o ex-presidente está internado.

“Repudiamos de forma veemente a filmagem indevida e não autorizada e a divulgação sensacionalista e não consentida da atuação da Oficiala de Justiça, conduta que não apenas viola sua intimidade e honra funcional, como também busca distorcer os fatos e comprometer sua imagem perante a sociedade”, diz a nota da SINDOJAF, assinada também pela UniOficiais enviada em primeira mão para o Correio.

A nota diz ainda que, em que pese seja compreensível que decisões judiciais possam causar desconforto às partes envolvidas, “a manifestação de inconformidade deve ocorrer por meio dos instrumentos legais e não através de práticas que atentam contra a dignidade dos agentes públicos no cumprimento de seu dever”, deste modo as entidades afirmam que buscarão medidas cabíveis de responsabilização dos envolvidos.

“O SINDOJAF e a UniOficiais/BR prestarão todo o apoio necessário à Oficiala envolvida e adotarão as medidas cabíveis para responsabilização de atos que visem constranger ou intimidar Oficiais de Justiça no exercício de sua função pública.

O vídeo feito por pessoas próximas a Bolsonaro foi compartilhado nas redes do ex-presidente na tarde desta quarta-feira (23/4) e mostra a atuação da servidora pública apresentando a intimação expedida pelo Supremo Tribunal Federal e dá um prazo para que a defesa de Bolsonaro se manifeste sobre o processo que tornou o ex-presidente réu na investigação sobre a tentativa de golpe de estado. 

Durante o cumprimento da intimação, Bolsonaro contestou a presença da oficiala de justiça, alegando que o processo estaria em sigilo. “A senhora tem ciência que está dentro de uma sala de UTI dentro de um hospital?”, disse ele. A servidora respondeu que já havia conversado com os advogados do ex-presidente e que a função era apenas entregar o documento. Em seguida, ele questionou: “A senhora foi mandada por quem? Quem é a pessoa do STF que mandou a senhora pra cá?”

Visivelmente constrangida, a oficial afirmou que havia sido enviada pelo Supremo Tribunal Federal. “Então o ministro Alexandre de Moraes deu a missão para a senhora vir ao hospital e tomar minha assinatura?”, indagou Bolsonaro.

A intimação estava prevista para ser entregue a partir dia 11 de abril, mas, devido a um mal-estar que exigiu atendimento médico emergencial de Bolsonaro, o documento só foi entregue no dia 23. Ao longo do vídeo Bolsonaro reforça seu estado de saúde: diz estar debilitado, passando por cirurgias e exames de imagem, e que ainda não se sente bem. A decisão de intimar Bolsonaro no hospital veio após o ex-presidente conceder entrevista para um canal de televisão e realizar uma live para promoção de produtos.
 Correio Braziliense Foto reprodução

Post Author: Rogenilson Reis

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