A embaixada da Venezuela em Brasília foi tomada por apoiadores do presidente autoproclamado da Venezuela, Juan Guaidó, na madrugada desta quarta-feira (13). Representantes do corpo diplomático que apoiam o Nicolás Maduro, movimentos sociais e líderes da oposição classificam a medida como uma invasão e chamaram a polícia para o local para tentar reverter a situação.
Segundo representantes da oposição brasileira que foram ao local demonstrar apoio aos diplomatas que negociam com os apoiadores de Guaidó, o problema começou por volta das 4h30 quando venezuelanos e brasileiros que apoiam Maduro chegaram ao local. São de 15 a 20 pessoas que entraram na embaixada e permanecem no prédio até a manhã desta quarta-feira com os representantes do corpo diplomático venezuelano – muitos desses diplomatas moram na embaixada e estão no local com os filhos pequenos.
“Houve um confronto. A embaixada foi sitiada por um grupo de brasileiros e venezuelanos. […] É uma clara violação do direito internacional, uma invasão do território da embaixada da Vanezuela dentro do Brasil”, reclamou o líder do PT na Câmara, deputado Paulo Pimenta (PT-RS), que conseguiu entrar na embaixada para conversar com os venezuelanos.
Depois das primeiras conversas com os diplomatas, o deputado chegou a dizer que os apoiadores de Guaidó que assumiram a embaixada estão fardados e são milianos. Pimenta ainda falou que existem indícios de que a polícia do Distrito Federal e o Itamaraty teriam respaldado a ação dos apoiadores de Guaidó. “É uma situação delicada, que revela a vontade de provocar um confronto durante a realização dos Brics no Brasil”, disse o deputado do PT.
Em carta que circula nas redes sociais, contudo, os apoiadores de Juan Guaidó afirmam que tomaram a embaixada porque os próprios diplomatas teriam reconhecido o presidente autoproclamado da Venezuela e, por isso, entregaram voluntariamente o prédio da embaixada em Brasília. Segundo essa carta, que é assinada pela agora embaixada autoproclamada na Venezuela no Brasil, María Teresa Expósito, a ação já teria sido comunicada ao Ministério de Relações Exteriores da Venezuela.
Ainda segundo ela, mesmo os diplomatas aliados a Nicolás Maduro que moram na embaixada e estão reclamando da ação teriam sido convidados a integrar o novo corpo diplomático sem perder nenhum direito trabalhista. Caso decidissem o contrário, eles teriam apoio da nova embaixadora para negociarem com as autoridades brasileiras o retorno à Venezuela.
O clima, portanto, segue tenso na embaixada, com apoiadores de Maduro e também de Guaidó discutindo o futuro da embaixada brasileira no interior do prédio. A polícia acompanha as discussões do lado de fora, junto com representantes de movimentos sociais.
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