Aos 37 anos, Daniel Alves acumula inúmeras realizações como jogador profissional: vestiu a camisa da Seleção Brasileira, jogou por grandes clubes, disputou as principais competições no mundo… Consequentemente, vivenciou inúmeras situações, das glórias dos 40 títulos aos fracassos.
Mas uma experiência ele não teve: jogar contra o clube que o revelou. Nesta quinta-feira, o lateral e meia do São Paulo vai reencontrar pela primeira vez na carreira o Bahia, seu clube formador – e justamente numa época em que sua relação com a torcida baiana está estremecida.
Baiano de Juazeiro, Daniel Alves deu os primeiros passos como jogador no Juazeiro Social Clube, quando atuava nas categorias de base. E foi meio que por acaso que ele deixou a equipe da sua cidade natal e foi parar em Salvador. Em junho de 2019, em uma das convocações para a Seleção Brasileira, o jogador revelou como se deu a chegada ao Tricolor e o primeiro contrato profissional.
“Eles foram contratar outro jogador e eu vim no pacote. Detalhe: eu não tinha contrato profissional. Assinei no ônibus, indo para a Federação registrar, senão não poderia ganhar ajuda de custo no Bahia. Pude ganhar meus R$ 60, que na época ajudaram muito minha família. Era muita coisa”, disse à época.
No Bahia, Daniel Alves teve a sua primeira oportunidade no time profissional depois de muita insistência. Em 2001, o então técnico Evaristo de Macedo precisava de um lateral-direito para suprir lesões dos atletas do setor, chegou a improvisar volante e atacante nos treinos até dar oportunidade a Daniel Alves.
– No final das contas, meu treinador do sub-20 avisou que ele podia confiar em mim. Ele (Evaristo) dizia que jogo de homem é para homem e de menino para menino. Eu era bem menino, mas acabei sendo o melhor do jogo. Sofri um pênalti, dei assistência – lembrou o lateral em junho de 2019.
Só que Daniel Alves não passou muito tempo no Bahia. Apesar de se destacar em competições de base pela Seleção Brasileira, como o Sul-Americano Sub-20, o lateral viveu altos e baixos no time principal até que foi emprestado para o Sevilla, da Espanha, em 2003. Um ano depois, já titular absoluto do clube espanhol, foi comprado por 800 mil euros. Contratação que o diretor de futebol Ramón “Monchi” Vendejo, em entrevista concedida em 2017, classificou como perfeita. Em 2008, Daniel Alves foi vendido ao Barcelona por 35 milhões de euros. E o resto todo mundo já sabe.
Com a carreira consolidada na Europa, Daniel sempre valorizou sua origem e regularmente passava as férias em Juazeiro. São-paulino de coração, o lateral também afirmou que pretendia voltar ao Bahia. Segundo ele, a ideia era, no final da carreira, jogar por um ou dois meses no Tricolor. Só que a declaração não pegou bem entre os tricolores.
Chateados pelo jogador falar em voltar ao Bahia só no fim da carreira e por um período curto, os torcedores criticaram o lateral através das redes sociais. Daniel Alves, então, mudou de ideia e afirmou que, no Brasil, só atua pelo São Paulo.
– Falei brincando que encerraria no Bahia, mas a torcida me rechaçou. Acabou o seguinte clube que jogaria. Fui rechaçado, falei dois meses e para eles não serve – disse.
Nesse clima, Daniel Alves tem reencontro marcado com o Bahia nesta quinta-feira, às 20h (horário de Brasília), no Morumbi. Não vai ser possível, porém, observar a reação da torcida no estádio já que, por medida de segurança, a partida vai ser com portões fechados.Globo Esporte