Na política nacional, existem as esferas municipal, estadual e federal que, embora independentes, funcionam (ou deveriam funcionar) harmoniosamente. Quando estamos no período das eleições municipais é comum ver candidatos e candidatas fazerem uso da imagem dos grandes líderes políticos nacionais e estaduais para se promoverem e conquistarem o voto dos eleitores. No Vale do São Francisco isso não é diferente. Mas nas duas maiores cidades da região, Juazeiro e Petrolina, mesmo diante da polarização política que impera em todo o país, um fenômeno vem chamando a atenção dos eleitores mais atentos ao pleito deste ano.
Mesmo sendo Presidente da República, eleito pela maioria dos votos, até agora Bolsonaro não despontou como cabo eleitoral dos candidatos às prefeituras da região, mesmo daqueles que são ideologicamente ou partidariamente ligados a ele. Não se vê por aí a imagem do presidente estampada nas artes de campanha dos candidatos. Ao contrário do ex-presidente Lula, que desde 2002, quando foi eleito pela primeira vez presidente do Brasil, passou a ser, sobretudo no campo progressista, o principal cabo eleitoral de pretendentes a um cargo político, seja no executivo ou no legislativo em todos os cantos deste país.
Debates: Por outro lado, Bolsonaro vem fazendo escola em Juazeiro e Petrolina. Se seus possíveis representantes e aliados preferem não atrelarem suas imagens a do presidente, pelo menos o que se vê é uma repetição das estratégias usadas pelo chefe do executivo nacional durante a campanha presidencial, da qual saiu vitorioso. Do lado baiano, a candidata bolsonarista, Suzana Ramos, fugiu do primeiro debate, assim como fez o presidente em 2018. Já do lado pernambucano, quem foge do debate é Miguel Coelho, também bolsonarista.
É um fator comum entre eles o receio de serem associados à Bolsonaro, diferentemente dos candidatos da esquerda nas duas cidades, que fazem questão de usar a imagem e exaltar o nome de Lula em seus discursos. Os candidatos bolsonaristas até tentam se esconder da afinidade com o campo ideológico do presidente, mas estão agindo exatamente como Bolsonaro, não só em relação à fuga de debates, mas também ao comportamento e aos discursos.
Pesquisas: Em pesquisas recentes divulgadas nos meios de comunicação, Bolsonaro melhorou sua avaliação em relação a pesquisas anteriores e alcançou o seu melhor percentual dentro do seu mandato. Mas a maioria da população brasileira avalia mal o presidente e seu governo. E quando o recorte é no nordeste do país, os índices negativos em relação à Bolsonaro ainda são grandes.
No segundo turno das eleições de 2018, Bolsonaro perdeu em todas as cidades do Vale do São Francisco. Tanto em Juazeiro como em Petrolina, a proporção média foi de 70% a 30% favoráveis ao candidato do PT, Fernando Haddad, indicado por Lula. Talvez isso explique as estratégias de alguns candidatos bolsonaristas de esconderem a sua inclinação ao governo da extrema direita. Fato que não ocorre quando se tem Lula como cabo eleitoral.
Por: Danilo Duarte-Jornalista