Nos primeiros seis meses de 2021, o Brasil registrou 282 denúncias de violações contra crianças e adolescentes por dia, de acordo com a Ouvidoria Nacional de Direitos Humanos (ONDH), ligada ao Ministério da Mulher, da Família e dos Direitos Humanos. Entre abril e junho, foram 25 mil casos desse tipo de violência, sendo a maioria ligada a maus tratos. Essa situação pode ser ainda pior, já que especialistas acreditam que os dados oficiais possuem uma notificação deficienete e incompleta.
“Muitos casos não são denunciados e notificados, principalmente por conta dos agressores muitas vezes serem os responsáveis pela criança. Para reverter essa situação, é extremamente importante educar e ensinar primeiramente esses jovens a identificarem quando estão sofrendo uma agressão ou abuso”, afirma a assistente social especialista no Enfrentamento à Violência Doméstica contra Crianças e Adolescentes na ONG Visão Mundial, Márcia Monte.
Segundo relatórios do Ministério, a maioria das agressões vêm de dentro da casa da vítima, sendo responsável por 80% dos casos. Destes, 65% são pessoas da própria família, como mãe, pai, padrasto ou madrasta. Somado a esse cenário, durante a pandemia e com o isolamento social, tornou-se muito mais complexo realizar as denúncias, já que muitos serviços pararam de funcionar presencialmente.
“O isolamento social e o fechamento de escolas deixaram crianças e adolescentes confinadas com seus agressores, sem o ambiente seguro e de acolhimento que a escola ofereceria. Por esse motivo os casos de violência podem ser muito maiores do que os apresentados e é imprescindível intensificar a proteção das crianças e adolescentes nesse período, com o fortalecimento do trabalho das redes de proteçãol”, ressalta Márcia.
O Brasil é um dos países mais violentos do mundo, estando entre os 10 mais violentos das Américas, segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS). Mais de 11 mil adolescentes são assassinados todos os anos, o que reflete a falta de segurança, atingindo principalmente meninas e meninos pobres e negros da periferia.
A ONG Visão Mundial, que tem como principal objetivo a proteção de crianças e adolescentes, possui diversas iniciativas que buscam transformar e mudar essa situação. Exemplos são o movimento Juntos Pelas Crianças, as Comissões de Proteção na Escola e o Programa Conexão Escola, todas ações que auxiliam e atuam na causa de crianças, adolescentes e jovens em situação de vulnerabilidade.
O movimento Juntos pelas Crianças possui 5.500 crianças cadastradas na plataforma e conta com 440 entidades parceiras. São mais de 1 milhão de crianças impactadas pelas ações e trabalhos de incidência política. As Comissões de Proteção na Escola já conseguiu beneficiar 4,2 milhões de crianças e adolescentes com suas atividades, reunindo mais de 14 mil homens e mulheres no projeto, de educadores e pais a profissionais e voluntários, todos com a missão de se dedicar à proteção da infância e juventude no entorno da comunidade escolar. O Programa Conexão Escola, alcança mais de 13 mil homens e mulheres, profissionais e voluntários, beneficiando mais de 40 mil meninos e meninas. Para saber mais sobre a Visão Mundial e suas ações, acesse: www.visaomundial.org.br.