Tite estava reticente. Mas o tempo provou que não há como fugir de Daniel Alves na lateral. Mesmo com 38 anos. Precisa dele. E deverá convocá-lo hoje. Pensando na revanche contra a Argentina
Tite sabe. Não há líder tão efetivo na atual geração. O melhor é ter Daniel Alves de volt
O Brasil jamais havia perdido uma Copa América em casa. Perdeu há um mês e dois dias, em pleno Maracanã, para a Argentina. Foi o segundo jogo oficial que a Seleção perdeu desde a derrota para a Bélgica, na Copa do Mundo da Rússia, há 603 dias.
Tite, que tem tempo até demais para pensar, percebeu que, em comum, faltou um líder, capaz de motivar, incentivar o time quando o planejamento não dá certo.
Ele, melhor do que ninguém, sabe que esta atual geração não conseguiu criar um jogador com tanta personalidade quanto Daniel Alves.
Mesmo aos 38 anos.
E para aumentar a necessidade, não surgiu também alguém que passasse confiança, jogasse tão bem na lateral direita. Daí, hoje, às 11 horas, Daniel Alves será a grande ‘novidade’ na lista de convocados para os jogos pelas Eliminatórias contra o Chile, em Santiago, dia 2 de setembro; na arena do Corinthians, diante da Argentina, dia 5; dia 9, o confronto contra o Peru, na Arena Pernambuco.
Daniel Alves fez questão de deixar claro para o presidente do São Paulo, Julio Casares. Ele não abria mão de ir para a Olimpíada, mesmo com o clube tendo jogos importantíssimos e eliminatórios, pela Libertadores.
Daniel Alves foi reserva de Maicon na Copa do Mundo de 2010, na África do Sul
CBF
O jogador sabia que o Brasil é o país que mais leva a sério as Olimpíadas. A CBF percebeu que, com os fracassos da Seleção principal nas Copas, desde 2006, a medalha olímpica serve como boa compensação.
E Daniel embarcou com o time de André Jardine para buscar o ouro no Japão. Não foi difícil. O único adversário com potencial foi o da final, o espanhol, que levou seis coadjuvantes da Eurocopa.
Daniel comprovou mais uma vez sua importante participação, sendo o líder do time, o jogador de confiança de Jardine, capaz de passar as orientações, mudanças táticas.
O depoimento do treinador da Seleção Olímpica a Tite, como era de se esperar, com a conquista do bicampeonato olímpico, sobre Daniel Alves, foi o melhor possível.
O treinador precisa criar ‘algo novo’ depois do vexame que foi perder a hegemonia do continente, ao ser derrotado pela Argentina, de Messi.
Daniel Alves terminou a Copa do Mundo de 2014 como mero reserva de Felipão
CBF
E ainda mais com a chance da revanche tão cedo.
Outros jogadores da Seleção Olímpica têm chance real de estarem na lista como Guilherme Arana e Matheus Cunha.
Mas o jogador de maior impacto será Daniel Alves.
Com a indicação clara que o Brasil poderá levar o seu jogador mais velho para uma Copa.
Os mais idosos haviam sido Nilton Santos (1962) e Djalma Santos (1966).
Ambos com 37 anos.
Daniel Alves terá 39 anos em novembro de 2022, quando começará o Mundial do Catar.
Ele ficou obcecado com este último objetivo na carreira. Mais até do que aumentar a coleção de títulos, 43. A fixação veio com o corte às vésperas da Copa de 2018, quando teve de enfrentar uma operação no ligamento cruzado anterior do joelho direito.
Djalma Santos e Nilton Santos foram os mais velhos do Brasil em uma Copa. 37 anos
CBD
Em 2019, ele voltou ao Brasil. Se poupou o quanto pôde no São Paulo, jogando no meio de campo, já que atuar no lado do campo ficou muito desgastante no futebol atual. Com Crespo, não houve escapatória. Foi para a lateral, em março.
Daí vieram os títulos paulista e olímpico.
E o convencimento de Tite.
Ele precisa de Daniel Alves na Seleção.
Até porque é o único jogador que Neymar aceita cobrança em campo.
A volta tem tudo para ser hoje…